No início do mês de outubro, foram anunciados os ganhadores do Prêmio Nobel de 2020. Na quarta-feira (7), as Doutoras Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna foram merecidamente laureadas com o Prêmio Nobel de Química pelo desenvolvimento da técnica de edição de genoma CRISPR-Cas9. Esta ferramenta disruptiva levou as ciências da vida a uma nova era, possibilitando inúmeros benefícios para os seres humanos.
Desde que foi descoberto em 2012, o sistema CRISPR-Cas9 vem provocando diversas discussões e aplicações devido à possibilidade de cortar e editar partes do DNA com muita precisão. A ferramenta ganhou popularidade por simplificar muito o trabalho dos cientistas, tornando mais rápido, mais fácil e mais barato desativar, corrigir ou substituir genes.
Seu uso em seres humanos criou a possibilidade de prevenção de doenças hereditárias como distrofia muscular, hemofilia e fibrose cística; ensaios clínicos de novas terapias contra o câncer utilizando a técnica, inclusive, já estão em andamento.
A CRISPR-Cas9 na agricultura
O uso da tecnologia da CRISPR-Cas9 foi regulamentado no Brasil em janeiro de 2018 e em junho já teve o seu primeiro produto aprovado pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). O primeiro organismo desenvolvido com a técnica foi para produção de bioetanol. Essa técnica não enquadrou o organismo editado como transgênico – facilitando o processo de regulamentação dos produtos.
Além desta e diversas outras aplicações industriais, na agricultura, a edição gênica pode trazer muitas possibilidades, como: aumentar a produtividade de culturas, torná-las menos alergênicas, com mais resistência e tolerância à agroquímicos, insetos e seca,
CRISPR-Cas9 poderá ajudar nos testes de Covid-19?
No cenário atual, esta técnica tem causado discussões também entre os cientistas que estudam a Covid-19, pois, seria uma ótima opção de ter testes rápidos desenvolvidos para desafogar os sistemas de saúde. Utilizando o mesmo mecanismo natural da CRISPR, de reconhecimento de vírus que já infectaram uma bactéria anteriormente, a empresa SHERLOCK desenvolveu um teste utilizando uma enzima um pouco diferente: a CRISPR-Cas13.
O teste funciona da seguinte maneira: com sequências-guia para reconhecer genes específicos do SARS-CoV-2 e amostras de secreções nasais e de garganta de pacientes com suspeita de COVID-19sistema CRISPR-Cas13 reconhece o RNA do vírus de acordo com as sequências-guia, ligando-se nessas sequências e cortando-as. A Cas13 é o que chamamos de “enzima promíscua”: uma vez ativada pela sequência-guia, ela corta em qualquer lugar, qualquer pedaço de RNA. O produto da SHERLOCK aproveita essa característica e insere junto com o sistema um gene repórter luminescente, grudado a uma sequência de RNA. O gene só será ativado se a Cas13 estiver ativa e cortar esses pedaços de RNA.
Regularização de produtos desenvolvidos com a CRISPR-Cas9
Assim como em outras partes do mundo, no Brasil, os produtos derivados de técnicas de edição gênica como a CRISPR-Cas9 são avaliados caso a caso para definir se serão considerados como OGMs ou não. Para isso, uma consulta deve ser enviada à CTNBio com dados sobre o organismo e as modificações realizadas. Após análise dos dados pelos especialistas e com base na literatura científica, a Comissão irá emitir a sua opinião.
Na Vigna Brasil, temos uma equipe especializada, que pode dar suporte nesta consulta e na regularização de produtos desenvolvidos com a técnica CRISPR-Cas9 aqui no Brasil e em outros países. Para mais informações, entre em contato com nossos especialistas.
Confira também nosso post sobre a importância da biotecnologia na agricultura.